27 May 2010

Macau - Descrito

Macau tinha o reencontrar com Pessanha. Mas o devir (become) nunca existe no actual. O devir (become) desaparece no momento da chegada: naquele preciso passo em que se chega. O devir e' o devir do actual. O devir e' a actualização do virtual. Desde o inicio do projecto ate' que ele comeca a acontecer. Ele e' o imemoravel acontecer das  coisas. Depois da concretização ja' nao ha devir. Em Macau ha' so' ja' outros devires, outros poemas.

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A Rua da Felicidade e' feita de lojas pequenas e todos dizem que era o Red Light District de Macau. Agora temos restaurantes e hospedarias. A hospedaria San Va tem paredes de madeira verde e e' muito antiga. Ali ao lado, entro numa loja de filatelia e na montra a nota que queria ver. Fora de circulacao estao as 100 patacas com a figura de Camilo Pessanha. Macau e' comida! Para alem do prego em pao e pastel de natas, comi noddles com lulas e vaca, noddles com ostras e vaca, tarte de ostras, sardinha assada (com pauzinhos), dumplings de legumes, dumplings de porco e depois a cozinha portuguesa e macaense...
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Em Macau esta' o meu primeiro sofa'! Macau de couchsurfing. Ja instalado na hospedaria a C envia-me uma mensagem a dizer que posso dormir no seu sofa. Resolvo ficar na hospedaria mas combinamos dar um passeio essa noite. A C e a J aparecem e levam-me a um mercado onde como o melhor fruto do mundo, mangostao (uma mistura entre lichias, banana e pera). Dali entramos nas zonas dos casinos e vemos um concerto ao vivo bem como algumas salas de jogo. No casino Lisboa, o mais antigo casino de Macau, a decoracao e' incrivelmente pirosa. Luzes e neons por tudo que e' lado que reflectem nos espelhos e cristais. No andar inferior ha um pequeno restaurante circular e o corredor a' volta e' onde andam as meninas em busca de servico. A J diz ao porteiro: "I wanna see the girls!". "Downstairs!" diz o porteiro. Elas andam a's voltas do restaurante como se tivessem um destino. A's voltas ate' que alguem as solicite. Muito produzidas, pouco vestidas e muito "plastificadas", nada de novo para prostitutas. Mas desta vez num casino. Pelo meio das atraccoes turísticas bizarras vamos conversando. Elas sao jovens, 23 anos, a J fez tudo Direito em Coimbra e faz investigacao em Macau, quer ser magistrada; a C faz design como free lancer e procura emprego pelo Oriente. E' tempo de voltar a' hospedaria.

No dia seguinte mudo-me para casa da J e da C e la' conheco outra C que e' tambem designer e quer viver na China! Sao muito simpaticas! A porta abre-se para mim. Como dizia outro couchsurfer: "para o couchsurfer, as portas das cidades deixam de estar fechadas. De portas abertas e sorriso na cara e' como se ve o mundo pelos olhos do couchsurf". O sofa afinal deu em colchao confortável no chao da sala. A casa tem condicoes ocidentais.

Nesse dia houve vagueares por Macau e uma ida a' praia na ilha a sul. O mar com por do sol por tras em Choc Van tem sinaletica ah portuguesa e a bandeira e' aos quadradinhos. Em cima, como um prego no pao no "Balneario Municipal" onde a senhora diz que nao fala portugues mas dispara a conta num portugues perfeito: "vinte e oito!". Mais ou menos 2 meses sem ver o mar. A paz e o ritmo ou o ritmo da paz, nao, a paz do ritmo do mar, tomo banho em Portugues.
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De manha o cafe e' de cafeteira e fico logo contente! A C acompanha-me num passeio por novas zonas de Macau: a avenida da republica com mais edifícios coloniais com vista para o mar e a ilha. Macau e' uma península e uma ilha. Macau tem meio milhao de habitantes, pequeno Macau ao lado dos 7 milhoes em Hong Kong. Este macau colonial com algumas torres e casas coloniais deve ser bem diferente das torres de Hong Kong mais primas de Singapura suponho. Depois vamos para a ilha onde ficam as vilas da Taipa e Coloane. Na vila da Taipa almoçamos no restaurante Castiço: feijoada a' portuguesa e bacalhau a' lagareiro com vinho tinto a acompanhar! Ja todos contentes rumamos a' praia de coloane onde ficamos ate tarde em companhia de umas Super Bock.

A' praia veio dar um tronco que nao era mais que um molho de palha atado a' mao. Houve cac,a ao tesouro na fantasia de que dentro da palha, haveria uma fortuna em hong kong dolares. Iamos ficar milionarios naquela meia hora em que desfizemos a palha ate ao centro. Uma quimera, mas do centro do tronco de palha so veio um cheiro podre: uma quimerda macaense!

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Voltamos a Macau para o concerto ao vivo do Zico, Lisboeta tornado Tavirense que canta e toca guitarra. Ai encontramos mais amigos portugueses. Foi um voltar a casa social, mas cruzado com um voltar a Timor, os colonos modernos vivem vidas de emigrante. Aqui trabalham com turismo e advocacia principalmente.
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No dia seguinte o Museu de Macau desiludiu mas nao o cafe Caravela onde comi um bitoque de qualidade e toquei guitarra umas boas tres horas. Por la apareceu o muito simpatico R, macaense de 19 anos que fala fluentemente chines, ingles e portugues e estuda na escola portuguesa. A sua vida dificil altera-me profundamente. Torna a minha experiência em luxo e sorte!
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Houve entao um ferry para Hong Kong depois deste 4 dias em Macau. Partir de Macau foi a mais dificil partida da viagem. Ha casa em Macau, e familiaridade, e coisas que sao muito minhas. Um cruzamento, este Macau pequeno de colonia e casinos. Talvez tenha sido o bitoque, ou talvez aqueles senhores portugueses no Caravela vestidos a' anos 80 com oculos grossos falando portugues com um sotaque leve e com negocios tortos. Ou os chineses, ou o chines falado portugues. Ou os pregos no pao, ou so a fachada de Sao Paulo. Ou o violino do Noel. Ou a casa das Cs tao proxima de casa. Macau deixa saudades!

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Mais algumas fotos de Macau aqui.

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