04 May 2010

28/4 Vientiane - Vang Vieng

De visa chines na carteira e de bicicleta nova, la fui eu estrada fora. Para Luang Prabang eram 370 e tal kms. Seis dias a pedalar. Vang Vieng ficava a 155kms. No primeiro dia fiz 70kms planos ate uma vila e no dia seguinte parti para Vang Vieng em mais 85kms nao tao planos.
Ah, viajar de bicicleta! O proprio titulo do post ja diz o mais importante: deixa de ser o ponto (Bangkok ou Vientiane) o importante, passa a ser a linha (Vientiane ----- Vang Vieng), uma linha fisica para variar das linhas imaginarias de que tanto falo!

Nao so Vientiane e' como Dili como o Laos e' como Timor, muitas diferenças e' certo, mas no centro, aqueles cheiros, aquela gente, aquela terra avermelhada, o calor e o verde nas colinas. Pela estrada fora, durante os 155kms dos dois dias, a cada minuto uma cara nova, um grande sorriso e a omnipresenca do Sabai-dee!!! (ola na língua do Lao). Vi muitos campos de arroz e bufalos enlameados e bem ao lado deles recreios de escolas e criancas que ora correm atras de mim ora, se estao tambem em bicicleta, pedalam a meu lado.

A' noite uma guesthouse em que ninguem fala ingles, ha so uma estrada onde passa algum transito, um restaurante onde como sopa de noddles e arroz frito. E outra vez salada Laos (lap) com arroz colante (sticky rice). Ha um carro com uma familia (um marido, tres esposas, tres filhos) que pa'ra para beber cerveja e me oferece um copo, e' de Viantiane o simpatico senhor e deseja-me boa viagem ate a' China.

Se na saida de Vientiane via muitas construcoes, aos poucos as vilas começaram a ficar mais definidas, mais espaçadas nos kilometros e no final so de 10 ou 20 em 20 kilometros e' que se via uma vila no meio do verde. Gradualmetne, desde Vientiane, ia entranto pelo pais a dentro. Nos ultimos 50kms so pequenas vilas em que as construcoes sao de madeira e a' volta a selva ou os prados verdes ou os terrenos de cultivo e os sabai-dees.

Houve uma descida por uma vila, que a estrada e eu cruzamos, onde havia pouca gente... mas a sensacao, ah, a sensacao. Era a de voltar a uma infancia qualquer, a um campo qualquer, a uma ruralidade perdida! As casas de palha sao elevadas por estacas e, dentro da maioria nao ha divisoes, ha so gente e coisas. O que e' uma vida ou uma casa senao gente e coisas? E coisas simples estas, muito simples. As criancas nuas, ou quase, precisam so da agua para brincar e os pais, que precisam os pais? Que precisamos nos senao de comida, pessoas e uma cabana? E a comida vem da terra logo ali ao lado. E eu nem me movi ali, vi so aquela cor quente que me raspava na cara e quase me fechava os olhos...

E foi assim que encontrei a paz... e' sempre nos sitios mais recônditos que me encontro. Numa terriola do Laos, dois dias a pedalar pelo verde, um quarto vazio de paredes mal pintadas preenchido pela pior cama do mundo. Os detalhes do encontrar-me vao noutro post, daqueles que ninguem entende...

2 comments:

nuno said...

Muito bom! adorei. Abraço

O Coxo said...

o importante é a linha: ikwym
terra avermehada: ikwym
ruralidade perdida: ikwym
posts que ninguém entende: ikwym
ikwym: I know what you mean

:-)

abraço,