27 May 2010

Macau - Chegada

Entrei em pe a pe por Macau a dentro e la havia uma praca onde se jogava aquele jogo chines. A praca era talvez a Praca da Mouraria. "Mas afinal alguem aqui fala portugues?" perguntei eu a um e a outro velhote que la se sentava. Eram uns 30 e o que me disseram foi "no, no, no" e apontaram para o centro: "Oh meu filho, vai la para o centro pode ser que tenhas sorte." dito com gestos.

A Rua da Longevidade cruza com a Avenida da Alegria e a Praca da Saude nao e' longe! Ao ler os nomes das ruas e lojas em portugues sorria eu muito! E uma chuva miudinha (ou seria morrinha?) alegrou os 3kms da fronteira ao centro. As casas coloniais amarelo pastel sao fundacoes e museus. Sao poucas. E ha muitos predios, uns grandes e feios mas a maioria baixinho-escuros e ate engracados. As ruas tem arvores e a calcada portuguesa esta por todo o lado. Ah Macau de chuva morrinha! Ao cruzar a avenida Venceslau de Morais comeca ja o Pessanha a ecoar por mim a dentro, eu caindo por Macau a baixo numa chuva morrente:

ÁGUA MORRENTE

Il pleure dans mon coeur
Comme Il pleut sur la ville.
                        Verlaine

Meus olhos apagados,
Vede a água cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.

Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.

Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Com a água morrente.
                        (Clepsydra, 1920)

A praca central e' o Largo do Senado, calcada portuguesa e uma serie de edificios coloniais pintados de branco ou amarelo torrado. A rua que passa ai e' de asfalto, e' estreita e ao cruza-la parece-me que estou na Praca de Camoes e o bairro alto e' ali ao lado. Umas ruas estreitas cheias de lojas de souvenirs, roupa, comida e joias levam-me as ruinas da catedral de Sao Paulo. Sento-me. Da catedral resta a fachada, a imagem de marca de Macau. Muita gente de olhos rasgados passa sorridente, o portugues vive so nos letreiros das ruas e lojas, as palavras aéreas sao em Chines.

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