27 March 2010

Dia para um novo pensar

Nota: falhou o dia e falhou tambem o novo pensar certamente, mas talvez seja este texto um concreto espelho do falhado dia, dessa tao almejada coerencia inatingida. E' tambem no plano e tecnica que este dia e este texto se encontram. Partilham as razoes do falhanco (tomara eu um dia ler os teus dias).



Hoje queria escrever um texto, palavras. Queria empuleira-las umas, depois as outras. Queria fazer crescer no teu ouvido um sentido. Hoje queria gritar sentidos. Hoje quero catedralizar um significado para o que de hoje ha de novo. Queria ate pegar em ti, levar de ti alem o que de mais nao teu ha em ti e fazer disso comercio. Criar, aos pedacos, o mais abjecto animal de nuvens. Modelar em ti, e portanto em mim, aquilo que nao sou. Fazer crescer entre no's um papagaio de cor viva. Uma arma de combate. Queria hoje um boneco apalavrado de sentido trocado. E dele faria arremessos. Ah explosao. Monstro repetido. Esse cabelo solto que vira tecla solta. Esta onda borratada a que chamas mundo. Hoje queria, contigo, tracar a linha entre este monstro e aquele exercito. Armado de deslocamentos de signos e impossiveis posicoes. Visoes que sempre estiveram mas nunca vimos. Gramaticas anarcas e fonologias secas. Aquele simples so. A cor que la esta por detras do biombo. Hoje era o dia do plano. O dia do querer fazer.
Mas todas as armas que construi para ti passaram, do prazo, os significados. Sao os meus exercitos que nao me deixam avancar. Bonecos armados que quando despertos rompem, como quem respira, as suas pernas. Sao ainda estes inuteis.

Hoje era o dia do sentido. O dia do tracar da linha. Da consolidacao da fuga. Hoje era o dia de rasgar o ceu e la deixar um a's de copas e a tua mao. E nessa tua mao eu poria o meu voo. E um general, estatua de flanela, seria a esfinge de trunfo. O corte do pano caido. Do ceu derrete o a's de copas e, gota a gota. O general. So ele sente o cheiro. So de flanela se entende a rotacao dos baralhos. A noite cairia hoje e sobre a flanela deixaria, eu, derretida a tua mao. E so ai nasceria o novo sentido. Da tua pele macia, um messias. Marchariamos. Pelo ceu quebrado tocaria em tua mao o teu pensar. E ao voltar, sem voltar, nunca teriamos partido. Mas continuariamos marchando pelos baralhos fora. Como se um novo passo, este proximo do meu pe, se tivesse virtualizado e no mundo, antigo monstro, surgiria uma nova metrica sincopada. Um novo ritmo de caminhante. Um novo pe. Uma nova terra. Uma nova forma de movimento. Um novo plano ou destino. Um tino talvez. Um novo, ali, pensar.

1 comment:

O Coxo said...

Um bonito texto, Luis. Abraço.