17 April 2010

31/3 Damascus

Depois de Israel, a Siria era, diziam, simpatica, so com um senao, nao podia dizer que tinha ido a Israel! Nao so' na fronteira mas com toda a gente, na Siria, tinha de ocultar a minha visita a Israel. Na Siria e' obrigatorio odiar Israel.
Damascus comecou com um gelado de pistachios e a vida diaria do povo dentro da mesquita. O terceiro sitio mais sagrado do Islao depois de Meca e Medina: a grande mesquita de Damascus. No souk de tecto baleado sentei-me meia hora e disparei contra todos os que passavam.

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Em Damascus para-se a cada canto, com almofadas e ha um trio constante: shisha, cha' e gamao. Aqui elas ja nao andam tao tapadas e no restaurante a empregada ri-se para mim. Depois de 1 mes em territorio Islamico isto provoca uma reaccao forte em mim. Como quando se muda de pais e os precos sobem ou descem, ha sempre um periodo de adaptacao. Nos primeiros pagamentos em que nos custa deixar tanto dinheiro ou contentes por nao ter de pagar tanto... Um sorriso de uma mulher muculmana e' uma visao quase impossivel no Egipto ou Jordania. Noutro restaurante digo que gosto da musica e oferecem-me o cd que tocava: Majda. Em Damascus compro um netbook de 10 polegadas que me acompanha na escrita viagem.

O hostel Al Rabie em Damascus e' o melhor hostel do mundo! O salao central e' o patio central da grande casa centenaria e o dono, de 99 anos, senta-se ao fundo e chama constantemente os seus filhos que gerem o hotel: baba! baba! baba! um som que nao me saira da memoria...
O quarto, nao ha quarto. No terraco (rooftop) ha cerca de 30 camas onde dorme toda a gente e onde se conhece todo o tipo de gente. Amigos. Vamos a um bar de 10 metros quadrados onde se bebe Arak (tipo pastis ou Uzo) e se conversa com bad muslims (um bom muculmano nao bebe alcool). Depois na discoteca, em Damascus sim, toca musica arabe e elas dancam todas da mesma maneira como sempre mostram na televisao aqui: os pe's lentamente de um lado para o outro e quase tudo nas ancas e ombros, os bracos para cima claro. Na mesa dos bares e discotecas ha aperitivos: amendoins e pipocas e, outro, mais invulgar, cenouras e pepinos feitos pickles suaves. As conversas sucedem-se...
A Sasha e o Tadej, os primeiros Eslovenos que conheco que nao sao nem de ljubljana nem de Maribor, viajam pela Asia com o parapente as costas!
O Matej, checo de 22 anos que se demitiu e partiu rumo ao mundo, e' extremamente ingenuo e nao sabe onde vai, partiu, por terra, da Republica Checa a' descoberta.
A Fruken e a Jenet, alemas, falam-me de musica alema.
O Ole e o Christan, da noruega, mostram o que e' ser noruegues: querem divertir-se e vieram de Beirut.
Ha um grupo de 4 jovens estudantes da universidade Americana do Cairo. Estao de ferias e aproveitaram para vir a' Siria.
O Laurent, frances, e' professor da primaria e conta-me muita coisa. Trabalha 6 meses por ano e viaja os outros 6 meses. Escreve para o jornal da terra uma cronica para os seus miudos: do Cairo a Shangai! Podia ser a minha deixa!
O Mat e' o Americano mais porreiro que alguma conheci. Ele tem 23 anos e tem uma forma de falar absolutamente incrivel "ohhh, maaaan". Esta' sempre a dar "fist bumps" a toda a gente e toda a gente gosta dele a' primeira. Terminou o curso de Historia nos USA e agora esta ca a estudar arabe. Ainda nao sabe o que vai fazer mas e' provavel que acabe como a sua irma, activista pro-palestiniana. No regresso da discoteca ao hostel as 5 da manha somos muitos no taxi (nao sei se foi aqui mas um dia destes andamos 8 pessoas incluindo o conductor num carro de tamanho bem normal). O vento bate-me na mao e a mao, move-se, eu olho-a, o tempo pa'ra e eu sorrio. Estou em viagem! E e' com Mat que viajo, ele e' timido mas, ao chegar ao hostel, o recepcionista dorme. Mat tira a harmonica do bolso e hipnotiza, eu sento-me na porta do hostel e, como no taxi, viajo! A grande musica americana numa simples harmonica!
A Adriana, galega, estudou publicidade e trabalhou uns anos em Madrid. Veio a demissao e uma grande viagem volta ao mundo. Estudou Desenvolvimento Internacional e depois de trabalhar na Colombia tira alguns cursos especificos sobre desenvolvimento. Desta vez em Beirut, onde estava. Com a Adriana aprendo o seu projecto de vida e partilho a minha religiosa relacao com Benares, na India.
O Rafi e' Iraquiano e e' obcecado por musculacao. Nasceu na turquia mas o pai e' um influente politico Iraquiano do novo regime pos-Saddam. Uma personagem unica.
Ha depois um Californiano chamado Steve que toca Ukelele e com quem toda a gente antipatizava depois de 5 minutos de conversa.
Vimos passar no hostel uma rapariga Americana podre de bebada que, na hora do checkout (as 2 da manha) se pos a dar beijos na boca ao recepcionista. Ele so dizia: "nao gosto do cheiro a whiskey!".
Assim vai a vida no Al Rabie em Damascus.
E havia ainda que falar dos Fenicios:

E das gentes claro:





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