19 April 2010

2/4 Beirut

De Damascus a Beirut sao pouco mais de 100kms. E' mais uma fronteira natural onde se soube bem alto as montanhas do Libano. No Libano, ali nas montanhas verdes, houve ja guerra civil muitos anos e estas estradas sao estradas com muita historia. E' tambem nestas montanhas que se faz ski. E logo ali, ainda a subir a montanha que tapa o pais, ja o contraste, a guerra e o desenvolvido, a boa vida com balas. Ao descer abruptamente a montanha temos Beirut ali ao longe virado para o mar e com o por do sol. E tambem ali, logo ali, os cedros, e' este o pais dos cedros!

Do autocarro saltamos para um taxi e continuam as surpresas ainda sem por os pes no pais. Alguem no carro explica os pontos mais importantes da cidade enquanto passamos por eles: ha uma mesquita e ha um cruzamento "foi aqui que mataram o Hariri, fizeram explodir uma bomba quando passava a caravana presidencial" e ha um predio bem alto completamente esburacado pelas balas "era aqui que os snipers se colocavam durante a guerra" e depois o taxi a grande velocidade por entre torres bem altas e modernas, e depois a marginal... uma grande entrada em Beirut!

Para Beirut viemos ja uns tantos amigos de Damascus. Viemos para o terraco (rooftop) do Talal's, outro hostel conhecido de todos. No hostel encontramos o Max e o Tulio. O Max e' musico de 21 anos Americano, toca piano e compoe musica para anuncios e pequenos filmes. O Tulio e' Italiano e tem uma obsessao: pe's. Eu digo-lhe que conheco o Mat de Damascus, seu amigo e, a primeira vez que me dirige a palavra, "do you have any kind of fetich?".

A noitada comeca no apartamento dos nossos amigos noruegueses, um apartamento de grande nivel na marginal principal de Beirut num quinto andar com vista para o mar. Chega mais gente e a cerveja. Ha musica e na varanda temos o mar e a conversa.

As novas personagens sao o Jon e a Lucia. O John e' de Beirut e e' extremamente simpatico fala-nos do seu pais e tenta passar o maximo de informacao possivel. Fala de musica, das suas origens misturadas de grecia e armenia e de como a cidade esta dividida em bairros de religioes diferentes. Falamos tambem dos campos de refugiados Palestinianos "sao campos de refugiados mas os edificios sao de betao" diz ele. A Lucia, alema de origem italiana, e' bonita, tem 21 anos e diz que e' viciada em manifs. A sua discussao acesa com Matej (o jovem checo) e' interessantissima. Ela tem 21 anos e quer mudar o mundo. Ele tem 22 anos e so sabe que primeiro tem de se entender a si, para depois entender o mundo. Os dois simples e representativos, elas, em caso de duvida, atiram-se ao mundo, eles, em caso de duvida, nao se atiram ao mundo. Tipico.
Depois do apartamento vamos para a discoteca BO18 numa especie de buncker que surpreende pelo bom aspecto mas principalmente porque ja a noite ia longa e a musica alta e o tecto da discoteca comeca a mover-se e abre.... todo! Um buraco e de repente estamos com o ceu limpido em cima de nos e ao lado: lua cheia e musica bem alto no ceu de Beirut.


O dia seguinte foi dia de ressaca e passeio solitario a' beira mar. A agua era verde clara e muitos tomavam banho entre as pedras bonitas e de formas bizarras. A boulevard chama-se Corniche e no restaurante em cima da agua as gentes vestem-se bem e falam frances. O nivel em Beirut e' elevado... os edificios grandes e modernos intercalam com as casa antigas e pequenas baleadas pela guerra. Aqui toda a gente e' incrivelmente simpatica e educada. Ha ate uma universidade americana de beirut com mais de 100 anos. Ha um Tony que vende hotdogs na rua e fala americano perfeito como se estivessemos em Nova Iorque. E' um pais de emigrantes que voltaram. E' um pais marcado pela guerra e agora pela construcao. Beirut e' uma das cidades mais bizarras que ja visitei. Enquanto Telaviv tem uma claridade Ocidental no Oriente. Beirut e' uma misturada bizarra: o oriente e o mediterraneo salpicado por balas. E depois ha os carros. Se em Geneve havia quem se surpreendesse com os carros que se viam na rua, em Beirut e' impressionante, jeeps e carroes cromados, e eles e elas bem vestidos la dentro. Estavamos a falar disso enquanto caminhavamos e passamos por tres porches seguidos, estacionados numa rua normal...

Falamos sempre, claro, de politica e aqui de Hariri pai e seu filho que, tal como na Siria de Assad pai e filho, fazem, mais do que tudo, de icones. Sao governadores iconicos, idolos, objectos de marketting violento... e ha depois o Hezbollhah e havia o amigo do Matej que lhe tinha oferecido uma noite no campo de refugiados mas que recusamos por "motivos de seguranca".
Voltei a Damascus a sonhar com o Irao. No Irao, por lei, as mulheres sao obrigadas a usar burca em publico.

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