08 September 2010

A volta ao mundo em (cento e) 80 (e oito) dias

Há pouco mais de 6 meses sai de casa, a mochila tinha 5 t-shirts, 5 livros, uns calções e pouco mais. Os sapatos iam nos pés e mais nada. Se o pensar pesasse (trouxe tanta coisa de casa para a viagem e agora volto com tanto mais que) um cargueiro não chegaria para tanta intensidade (sem esquecer que o peso de um poema e’ inverso a’ duração do seu fôlego).

Foi uma viagem excepcional! Uma viagem muito maior e mais interessante do que o que pensava ser possível. Uma viagem que não tinha plano mas que tinha aspirações. Aspirações a’ inspiração, a’ diferença. Uma viagem que pretendia mudar a minha vida, que pretendia mudar-me a mim, que pretendia atirar-me mais adiante. E assim o fez (processos maioritariamente não representados neste blog). Foi uma viagem com um pouco de tudo, mas foi acima de tudo, uma viagem BOA . As incontáveis memórias misturam-se com o que mudou em mim: uma enormidade. O mundo como máquina de moldar homens.

As etapas
Primeiro veio a paz, o deixar o stress de 2 anos de trabalho intenso sair pelos poros... no Egipto. Depois veio a inspiração do médio oriente. Nem sei porque pus este passo no caminho para a China. Um grande golpe de sorte atira-me para uma região do mundo incomparavelmente fascinante: Palestina, Síria e Líbano estão agora no top dos meus países favoritos para viajar. Sempre que alguém pede recomendações eu sugiro: médio oriente! Para os mais medricas, ao menos a Síria!

Depois veio a concretização de dois objectivos que foram crescendo no médio oriente, viajar de bicicleta e conhecer a China, esse exotismo máximo. Um mês de descoberta da China encheu-me de vontade de para lá ir viver. E, como se não bastasse, uma semana no Japão representou uma cereja em cima deste bolo exótico, que grande surpresa este Japão singular.

A terceira etapa da viagem, os Estados Unidos, apareceu com um objectivo utilitário: será que eu vou gostar? Será que e’ um pais onde poderei viver? Ou será um país para esquecer? Aos 30 anos e depois de ter viajado tanto, já não podia deixar estas questões por responder. No entanto, a passagem relativamente rápida para o México funcionou como um escape de um mundo que me desagradou. Talvez mais tarde…

Depois de 4 meses exóticos cheios da tão desejada diferença, as férias com a M na América Central foram puro gozo, a descoberta de um continente pequeno (do tamanho de Franca) e de uma realidade político-social muito triste: umas férias maravilhosas!





Depois da viagem
Há já vontade de voltar… a’ viagem claro! As minhas viagens são sempre rápidas. Nunca fico muito tempo num só sítio. Há vontade de voltar rápido ao médio oriente, acrescentar o Irão que ficou por pouco de fora. Há muita vontade de voltar a’ China onde quero viver, e também ao Japão cujos 7 dias que la’ passei souberam a muito pouco.

Talvez tenha sido a viagem da minha vida. Ou talvez não, a melhor viagem e’ sempre a iminente. Ou talvez não. A viagem da minha vida vai ser uma viagem que farei quando me reformar: sair de casa de bicicleta e chegar com ela a’ cidade do cabo, ou ao sri lanka, ou a Beijing (vou ter tempo para planear). Aos 30 passo pelo mundo rápido como quem diz olá e ate’ breve, aos 60 viajarei lento como quem passa para dizer adeus.

Ou então, daqui a dois ou 3 anos há mais! Começando na China, no inicio do Verão (2013) parto em direcção a’ Ásia Central e, sem voar, cruzo para o Irão onde poderei voltar a’ tão querida Síria. Depois de rever a Palestina e o Egipto, partirei numa viagem em direcção a sul por essa África adentro…
Pensavam que isto tinha um fim, não e’? Ate que eu morra, a realidade precisa de mim.

1 comment:

Bulak said...

Apenas hoje me cruzei com o teu blog. Deixas-me nervoso. Colocas-me um desafio mesmo sem o saberes. Apetece-me ir já. Fazer o 2012, ver-te depois fazer o 2013. Ir da Póvoa até à Apúlia era uma distância enorme, não era?