06 September 2010

Um americano e’ uma coisa sorridente, ele não tem culpa!

Um americano diz a voz alta quando brindamos na mesa do hostel: “Great! All different countries here: France, New Zealand, Australia, Portugal, L.A., Belgium” (LA e’ Los Angeles, uma cidade do estado de Califórnia nos Estados Unidos). Ele não disse isto como piada, e ate’ e’ algo que muitos americanos fariam (e’ fácil imaginar um nova-iorquino a dizer o mesmo). Que hei-de eu pensar desta curiosíssima situação?

Um americano e’ uma coisa sorridente, ele não tem culpa! Um americano viu televisão (ou youtube) a mais, sorriu e na escola aprendeu a sorrir mais com competência, a vender. Um americano aprende a ser bem sucedido: ser famoso, ter dinheiro. Um americano aprende a cantar USA e a gostar e defender a bandeira.

Um americano concorda que chamar “comunista” a outro americano e’ um insulto. Conheci um que era antigo membro do partido comunista americano (sim, existe!). E uma das primeiras coisas que vi em Seattle, a primeira cidade que visitei nos Estados Unidos nesta viagem, foi uma estátua bem grande do Lenine (sim, e’ incrível!).

Um americano não tem culpa que um americano não goste dele. E’ que um americano gosta dele! O que um americano não gosta num americano e’ o seu ser americano, tudo o resto e’ tão maravilhoso como outro ser humano qualquer. Sem mudar de exemplo, o mesmo personagem que brindou a’ sua nacionalidade de Los Angeles e’ um jovem interessante de 30 anos que deixou a sua carreira de contabilista para viajar de mota pela América Latina e descobrir a sua vocação, ser artista!

Um americano gosta do exército. Ele tem uma metralhadora e passeia nos halls do maior aeroporto do mundo de camuflado castanho claro. Um em cada 200 americanos estiveram no Iraque a matar Árabes (ainda não conheci 200 americanos mas já conheci 3 que estiveram no Iraque a matar árabes). Ou será antes a América, e não o ser americano dos americanos, que um americano não gosta? Nada disso! Nada contra a América ou os americanos! At all! O problema e’ a América simulacro, simulacro do que realmente um americano não gosta, simulacro império dominador, simulacro capital de negociante. O braço mais forte, o meu braço direito, mete-me nojo. O (corpo) continente inteiro.

Um americano no Panamá teve o mesmo papel que um americano no Iraque. Alguém que manda lá não fez o que um americano mandou. “no problem”, manda vir um americano ( 1,5 milhões!) para limpar o assunto. Passados 7 anos, um americano (preto) diz: “ok, agora acho que agora eles conseguem entender-se”.

Se um americano (30 mil) regressar com problemas físicos ou psicológicos, e se outro (5 mil) morrer, “no problem”, foi pela pátria!? Que há-de um americano pensar disto? Alguma coisa esta’ errada? Onde estavam o Popper e o Russell quando escreveram aqueles livros que faziam um americano acreditar no caminho que se segue? Ah, já sei, estavam com medo das bombas atómicas e não podiam dizer outra coisa senão ser positivistas: coitados optimistas.

Um americano fala do fim da história. Qual historia? Esta, simples: “e a guerra continua", nada de novo em séculos e séculos. Se calhar ainda vou viver a terceira guerra mundial. Ou então a queda do império Americano. Enfim, há um país lindo que temos de visitar rápido, antes que seja tarde de mais: o Irão. Ouvi dizer que a grande pérsia (Irao) segue a grande mesopotâmia (Iraque)! E depois não haverá sequer arqueologia que os salve, vão ser so’ MacTablets, CuneiformKings e BigDarios!

Um americano, Pollock, quando era jovem:


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