22 December 2010

o mundo museu e a arte espelho

Os museus são uma parte fundamental das minhas viagens. Visitei dezenas de museus de arte nos últimos anos de viagem. Raramente escrevo sobre eles. Gostava de ter o tempo e paciência para escrever sobre os museus e seus detalhes. Escreveria sobre “artistas locais” como Guayasamin no Quito, Magritte em Bruxelas, Wu Guanzhong em Hong Kong, Botero em Bogota, Pollock em Nova Iorque, Guo Xi em Xangai, Van Gogh em Amesterdão, Albright em Chicago, Turner em Londres, Orozco na Cidade do México, Goya em Madrid, Schiele em Viena e Picasso em todo o lado (Nicarágua, Colômbia, Brasil, China, Japão, US e … Espanha).

Caminho pelas salas do MET em Nova Iorque e apercebo-me que não há ali nada, só objectos insignificantes pendurados nas paredes. As cores poderiam bem ser riscos de parede usada. Como, na rua, uma barra de Mars e apercebo-me que ali não há nada, só objectos, como um morango que colho e ponho na boca. Ou então, ali, em cada coisa, há tudo dentro de mim. Tudo ecoa dentro de mim. Ir a um museu não e’ ver as obras, e’ antes visitar aquilo que aqueles riscos e cores despertam dentro. As minhas memórias, referencias e ideias.

Em viagem, não necessito de um museu, basta-me um objecto qualquer para despertar as ideias. Em viagem tudo e’ museu. E’ que há esta característica do viajante, ele e’ o grande observador, como se o mundo não lhe tocasse. O viajante tem esse grande poder de não ser afectado pelas coisas que vê, que observa. Um mundo museu!

E deixo aqui um pouco de “arte” feita por mim. Na praia paraíso de Tulum no México, de madrugada moldo a areia e faço um auto-retrato com a luz do luar (a ultima foto foi tirada na manha seguinte). Que mais pode a arte ser senão um espelho? E e' exactamente esta característica que me afasta fundamentalmente da arte. O artista tem só um nome: Narciso.

auto-retrato em (linha de) fuga para cara de escama de peixe com cancro


No comments: